DECRETO Nº 29, DE 07 DE MARÇO DE 2003

 

Oficializa e dá denominação a Biblioteca "Cecília Meireles", no Bairro Travessão, neste Município

 

ANTONIO CARLOS DA SILVA, Prefeito Municipal da Estância Balneária de Caraguatatuba, usando das atribuições que lhe são conferidas por Lei, especialmente pelo inciso VI, do artigo 49, da Lei Orgânica do Município de Caraguatatuba.

 

Considerando que a Biblioteca Municipal "Afonso Schmidt", órgão da administração municipal, criado pelo Decreto-lei Municipal nº 129, de 29 de dezembro de 1944, vinculada a Secretaria Municipal de Educação, na forma do Decreto Municipal nº 37/99, de 19 .02.1999, atualmente funciona na zona central da cidade, sendo prevista a possibilidade de descentralização, para melhor atendimento da comunidade;

 

Considerando, mais, que foi implantada, pela Secretaria Municipal de Educação, desde abril de 1998, uma nova biblioteca no Bairro do Travessão, sediada à Rua João Carlos Balio nº 249, que funcionou em caráter precário e experimental, com ótimo desempenho e significativa aceitação pela comunidade da zona sul do Município, justificando a sua oficialização;

 

Considerando, finalmente, a proposta de denominação dessa biblioteca de CECÍLIA MEIRELES, cuja vida é eloqüente e rica, enaltecendo a literatura nacional, como constante da biografia integrante deste ato normativo;

 

DECRETA:

 

Artigo 1º Fica criada, como nova unidade da administração municipal e como desmembramento da biblioteca "Afonso Schmidt", criada pelo Decreto -lei Municipal nº 129, de 29 de dezembro de 1944, a biblioteca do bairro do Travessão, até então funcionando em caráter precário e experimental, à Rua João Carlos Balio, nº 249 - Bairro Travessão, neste Município, com a denominação de Biblioteca Municipal "CECÍLIA MEIRELES".

 

Artigo 2º Fica fazendo parte integrante deste Decreto, a biografia da escritora homenageada.

 

Artigo 3º A Secretaria Municipal de Educação, a quem ficará, diretamente, subordinada a unidade ora criada, adotará todas as providências administrativas e operacionais necessárias para a implementação da denominação outorgada por este Decreto e para o regular e permanente funcionamento dessa biblioteca.

                                                                              

Artigo 4º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

 

Caraguatatuba, 07 de março de 2003.

 

ANTONIO CARLOS DA SILVA

Prefeito Municipal

 

Este texto não substitui o original publicado e arquivado na Prefeitura Municipal de Caraguatatuba.

 

BIOGRAFIA DE CECÍLIA MEIRELES, HOMENAGEADA PELO DECRETO MUNICIPAL Nº 029/03.

 

Filha de Carlos Alberto de Carvalho Meireles, funcionário do Banco do Brasil, e de D. Matilde Benevides Meireles, professora municipal, nasceu a 7 de novembro de 1901, no Rio de Janeiro, Cecília Benevides de Carvalho Meireles. O pai faleceu três meses antes do seu nascimento, e a mãe quando Cecília ainda não tinha três anos. Criou-a a partir de então, sua avó D. Jacinta Garcia Benevides.

 

A paixão pelos livros e a literatura norteia o caminho da jovem Cecília. Aos 16 anos, ela se diploma professora, em seguida, inicia-se no magistério primário. A vontade e o fascínio pelo "saber" a conduzem para o estudo de outros idiomas e para o Conservatório Nacional de Música, onde tem aulas de canto e violino. Ainda que "fizessem versos" e compusessem cantigas para os seus brinquedos desde a escola primária, é na adolescência que Cecília Meireles começa a "escrever poesias", segundo sua própria definição. Em 1919, aos 18 anos, ela publica seu primeiro livro de poemas: ESPECTROS, iniciando um período de grandes produção.

 

Em 1921, casa-se com o artista plástico português Fernando Correa Dias. Ele seria o ilustrador de futuras obras da poeta e pai de suas três filhas: Maria Elvira, Maria Matilde e Maria Fernanda. Em 1923, Cecília Meireles publica NUNCA MAIS...E POEMA DOS POEMAS, com ilustrações de Correa Dias. Em 25, o terceiro livro, BALADAS PARA EL-REI.

 

De 1930 a 1933, manteve no Diário de Notícias uma página diária sobre problemas de educação, participando do movimento pela renovação do ensino. Em 34, com o marido, inaugura o Centro de Cultura Infantil do Pavilhão do Mourisco, no Rio. É a primeira biblioteca infantil do País. No mesmo ano, a convite do governo português, Cecília Meireles dá início a um período de viagens ao exterior. Em Lisboa e Coimbra difunde a cultura, literatura e o folclore brasileiro, em uma série de conferências. De 1936 a 1938, lecionou Literatura Luso-Brasileira e Técnica e Crítica Literária, na Universidade do Distrito Federal (hoje UFRJ).

 

A Biblioteca infantil, mais do que o sonho de Cecília Meireles embalado desde a infância, é um sucesso no Rio de Janeiro até 37, quando o Interventor do Distrito Federal invade o Centro e apreende AS AVENTURAS DE TOM SAWYER, de MARK TWAIN, um clássico norte-americano, sob acusação de comunismo. O caso repercute no Brasil e no exterior. Depois da invasão, o Centro Cultural Infantil é fechado pelo Estado Novo. O ano de 38 marcará seu retorno à poesia. O livro VIAGEM, publicado no ano seguinte (1939), recebe da Academia Brasileira de Letras o Prêmio de Poesia. O reconhecimento se faz presente.

 

Reconhecida oficialmente, a partir do lançamento de VIAGEM, em 39, Cecília Meireles inicia um novo período de produção intelectual e de efetividade. Casa-se, em 1940, com Heitor Grillo, passa a lecionar Literatura e Cultura Brasileira na Universidade do Texas, profere conferências no México e visita a Argentina, Uruguai e diversos países europeus. Até o final dos anos 40, produz intensamente.

 

Na década de 50, Cecília Meireles intensifica as viagens para o exterior. Reconhecida, vive a plenitude, num período caracterizado pela felicidade e satisfação profissional.

Em 51, participa do I Congresso Nacional do Folclore, no Rio Grande do Sul. Em 1953, Cecília Meireles recebe o título de Doutor honoris causa da Universidade de Délhi, na Índia. Ela havia sido convidada pelo governo indiano de um simpósio sobre a obra de Gandhi.

 

Cecília Meireles morre no Rio, em 9 de novembro de 1964. Em plena atividade literária, deixando incompleto um poema épico-lírico, escrito em comemoração ao quarto centenário do Rio de Janeiro, sua cidade Natal. Além deste poema, deixa inúmeros textos inéditos. No ano seguinte à sua morte, a Academia Brasileira de Letras concede-lhe o Prêmio Machado de Assis, pelo conjunto da obra.

 

Bibliografia:

 

Tendo feito aos 9 anos a primeira poesia, estreou em 1919 com o livro de poemas Espectros, escrito aos 16. Publicou a seguir:

 

Criança, meu amor, 1923

Nunca mais...e Poema dos Poemas, 1923

Baladas para El-Rei, 1925

O Espírito Vitorioso, 1935

Viagem, 1939

Vaga Música, 1942

Poetas Novos de Portugal, 1944

Mar Absoluto, 1945

Rute e Alberto, 1945

Rui - Pequena História de uma Grande Vida, 1948

Retrato Natural, 1949

Problemas de Literatura Infantil, 1950

Amor em Leonoreta, 1952

12 Noturnos de Holanda e o Aeronauta, 1952

Romanceiro da Inconfidência, 1953

Poemas Escritos na Índia, 1953

Batuque, 1953

Pequeno Oratório de Santa Clara, 1955

Pistóia, Cemitério Militar Brasileiro, 1955

Panorama Folclórico de Açores, 1955

Canções, 1956

Giroflê, Giroflá, 1956

Romance de Santa Cecília, 1957

A Bíblia na Literatura Brasileira, 1957

A Rosa, 1957

Obra Poética, 1958

Metal Rosicler, 1960

Antologia Poética, 1963

Solombra, 1963

Ou Isto ou Aquilo, 1964

Escolha o Seu Sonho, 1964

Crônica Trovada da Cidade de San Sebastian do Rio de Janeiro, 1965

O Menino Atrasado, 1966

Poésie (versão francesa), 1967

Obra em Prosa - 6 Volume - Rio de Janeiro, 1998