JOSÉ PEREIRA DE AGUILAR, Prefeito Municipal da Estância Balneária de Caraguatatuba, no uso das atribuições que lhe são conferidas por Lei, especialmente pelo inciso VI, do artigo 49, da Lei Orgânica do Município de Caraguatatuba,
DECRETA:
Artigo 1º Fica denominada AURORA MENDES DE SOUZA o Espaço de Lazer localizado no final da Av. Jundiaí, neste Município.
Artigo 2º Fica fazendo parte integrante deste Decreto, a biografia da homenageada.
Artigo 3º O Poder Público Municipal, pelo seu órgão competente, deverá providenciar o cadastramento da presente denominação e a sua necessária divulgação.
Artigo 4º Este Decreto entra em vigor nesta data, revogadas as disposições em contrário.
Este texto não substitui o original publicado e arquivado na Prefeitura Municipal de Caraguatatuba.
AURORA MENDES DE SOUZA nasceu em Caraguatatuba, no dia 1º de junho de 1928. Seus pais, Benedito Mendes de Souza e Antônia Germano Ferreira tiveram nove filhos: quatro homens e cinco mulheres, e Aurora era a filha do meio.
Foi em Caraguatatuba que dona Aurora passou toda a sua infância, ajudando seus pais no plantio de frutas e verduras, num sítio na Serraria, que vendiam no fim-de-semana e feriados, quando os turistas visitavam Caraguatatuba numa espécie de turismo de um dia.
Sua infância sempre esteve ligada à cultura de pesca artesanal, e não poderia ser diferente, uma vez que seu pai era um dos mais famosos pescadores da comunidade pesqueira do Camaroeiro - o saudoso “Neno”, era conhecido por todos da região, e tinha prestígio com os demais pescadores, que no início do século XX comercializavam os peixes nos próprios remos e não em peixarias, como acontece atualmente.
Aurora iniciou seus estudos em uma escola que ficava depois do rio Santo Antonio e uma das lembranças da qual se orgulhava bastante era o fato de ter ajudado a professora Adaly Coelho Passos a carregar os livros da pequena biblioteca, durante a mudança para o novo prédio em que se instalaria a escola da cidade - o Grupo Escolar de Caraguatatuba. Foi neste grupo escolar que deu continuidade a seus estudos para a conclusão do curso primário.
Numa cidade e num tempo onde todos se conheciam... Aurora era vizinha da professora Adaly, do professor Jorge Passos, e seu pai, o pescador Neno, era um grande amigo do jornalista Flávio Massariol fundador do RADIOLIT.
Aurora casou-se com Diógenes Batista do Amaral e teve sete filhos Dalva, Ivone, Diógenes Filho, Jorge Roberto, Celeste, Edson e Marisa. Com seus filhos ainda pequenos seu esposo a deixou em uma de suas longas viagens de caminhão.
Para criar seus filhos Aurora não poupou esforços. Lavou roupas para fora, trabalhou durante muitos anos no Palace Hotel, e quando sobrava um tempinho, aproveitava para se inteirar sobre a política local, eventos culturais e as atividades eclesiásticas, da Igreja Matriz, paróquia a qual frequentava sempre aos finais de semana.
Aurora conheceu Caraguatatuba antes e depois da Catástrofe, e estava aqui quando a cidade sofreu com o deslizamento das encostas e o soterramento de muitas casas. Mesmo assim, seu sonho de permanecer na cidade onde passou quase toda sua vida não a deixou abandonar Caraguatatuba.
Apesar de toda dificuldade Aurora, dona de um coração enorme, acabou adotando, com apenas 8 dias de vida, seu último filho, Sérgio, quando seus outros filhos já estavam praticamente adultos.
Dona Aurora, teve uma vida simples e feliz, cercada pelos seus familiares se orgulhava da tradição caiçara de sua família, que incluía não somente seu pai, o Neno, mas também seus irmãos Sebastião Mendes de Souza (que dá seu nome ao entreposto de pesca do camaroeiro), José Mendes de Souza que já batizou uma rua e ainda seu sobrinho Messias Mendes de Souza - que empresta seu nome a creche do Ipiranga. A família de Aurora foi uma das responsáveis pela continuidade na tradição da pesca artesanal, de geração para geração.
Aurora Mendes de Souza - uma das últimas “herdeiras históricas” da origem das primeiras famílias caiçaras veio a falecer de insuficiência renal aos 77 anos, no dia 24 de abril de 2006.